Os cálculos urinários são um problema comum afetando cerca de 10-15% dos indivíduos ao redor do mundo. A sua origem é multifatorial e a grande parte dos cálculos é composta de sais de cálcio. Os homens são afetados com mais frequência do que as mulheres e a recidiva dos cálculos é comumente observada.
Os cálculos urinários afligem a espécie humana há milhares de anos. Em 1901 o arqueólogo E. Smith encontrou uma pedra na bexiga de uma múmia com 4500-5000 anos em El Amrah, Egito. A primeira descrição dos sintomas dos cálculos urinários e prescrição de substâncias para “dissolver” as pedras foram observadas nos textos médicos de Asutu na mesopotâmia entre 3200 e 1200 A.C. Abordagem cirúrgica da litíase urinária foi inicialmente descrita em textos gregos e hindus. Sushuta foi um cirurgião que viveu na Índia em 600 A.C. e descreveu mais de 300 procedimentos cirúrgicos, incluindo a extração de cálculos da bexiga por via perineal. Ammonius de Alexandria (276 A.C.) foi a primeira pessoa a sugerir que a fragmentação do cálculo facilitaria sua remoção. Ele propôs a estabilização do cálculo com um “gancho” e sua fragmentação com um instrumento rombo por ele denominado “lithotomus”.
A história da litíase urinária se tornou mais significativa quando pessoas importantes apresentaram a doença, tais como: Rei Leopoldo da Bélgica; Pedro, o grande; Luís XIV; George IV; Benjamim Franklin; Isaac Newton, Michelangelo e o anatomista Scarpa. Avanços reais no tratamento da litíase urinária só ocorreram a partir do século XIX quando as primeiras cirurgias para remoção de cálculos renais foram realizadas com sucesso por Heinecke (1879) e Le Dentu (1881). As primeiras cirurgias endoscópicas para remoção de cálculos ureterais foram realizadas por Young e McKay em 1929. Contudo, somente em 1977 foram lançados comercialmente os primeiros endoscópios rígidos para ureteroscopia.
A necessidade de fragmentação dos cálculos para sua remoção endoscópica levou ao desenvolvimento de fontes de energia para essa fragmentação. A litotrispia eletrohidráulica foi desenvolvida por Yutkin em 1954, na antiga união soviética, mas sua divergência com o regime comunista o levou a ser banido, atrasando o emprego dessa tecnologia em mais de 20 anos. A energia ultrassônica para fragmentação dos cálculos foi desenvolvida por Mulvaney em 1953 e aplicada clinicamente por Kurth em 1977. O primeiro equipamento para fragmentação de cálculos urinários com energia pneumática foi o Lithoclast lançado em 1992 por uma empresa suíça. Os primeiros estudos para aplicação do laser na litíase urinária datam de 1986. Com os recentes avanços nas fibras e no ganho de potência nos equipamentos a litotripsia a laser é o método de escolha para o tratamento dos cálculos renais, ureterais e vesicais. Com o uso de endoscópios flexíveis associados ao laser até mesmo cálculos localizados nos cálices renais podem ser abordados por via ureteral (cirurgia renal retrógrada). Avanços na medicina nos permitem tratar os cálculos urinários com poucas complicações. A maioria das pedras passam dos cálices para a pelve renal e subsequentemente para o ureter onde causam sintomas sérios como dor, dilatação do sistema coletor renal e sangramento urinário. As opções disponíveis para tratamento da litíase urinária dependem da localização e tamanho do cálculo. Para os cálculos renais pode ser utilizada a cirurgia renal percutânea e litotripsia extracorpórea ou mais raramente cirurgia aberta. Para os cálculos ureterais a ureteroscopia com uso de laser é o método de escolha por ser muito superior em resultado quando comparado à litotripsia extracorpórea.
A princípio qualquer cálculo dentro do sistema urinário pode ser tratado com o Holmium laser. A única contraindicação verdadeira da litotripsia com Holmium laser é a presença de infecção urinária não tratada. Até mesmo pacientes recebendo terapia anticoagulante têm sido submetidos a procedimentos endoscópicos com sucesso com o uso do Holmium laser. O Holmium laser é considerado o método de fragmentação dos cálculos urinários mais seguro atualmente disponível. Com um investimento de cerca de 200mil reais o Dr. Bernardo Sobreiro trouxe para os Campos Gerais a plataforma de Holmium laser Stonelight de origem norte americana que está disponível para o tratamentos endoscópico dos cálculos urinários no Centro Hospitalar São Camilo.